Romero emprestou sua verve poética para o frevo pernambucano e criou belíssimas letras, especialmente aquelas que ganharam asas ao serem entoadas nas vozes dos corais dos Blocos Líricos. A sua profundidade, enquanto poeta, serviu para dar uma roupagem mais refinada à parte literária do frevo-de-bloco. Assim, aquele homem que foi um inspirado poeta, ao dialogar com o frevo, transformava-se, não num compositor, como ele mesmo chegou a referir, mas sim num "poeta musical".
Motivados por essa história, os dirigentes do Um Bloco em Poesia escolhem como tema para o carnaval daquele ano A Aurora, o Rio e a Poesia. Além disso, o poeta João Araújo compôs o frevo-de-bloco Carta para Romero Amorim cuja letra faz referências a algumas obras do homenageado.
Carta para Romero Amorim
João Araújo
Lisboa, agosto de dois mil encantos
Caro Romero, como vai a Aurora?
E a filigrana de lirismo e canto
Que a tua lira desenhou na história?
Quando encontrares nosso rio amado
Diz que a minha fé jamais se entrega
Que o meu peito é um frevo sincopado
Que todo cais é um clarim de pedra
Eu gostaria, meu poeta amigo
Que o meu regresso fosse luz e graça
De imperador eu estaria contigo
A navegar tua redonda barcaça
Quando o percurso do oceano, findo
Dispararia forte o meu coração
Avistaria Olinda em flor sorrindo
Declamaria Recifloração...
A música não foi gravada oficialmente em CD, permanecendo inédita até o ano de 2013, quando foi inscrita e classificada no Festival do Frevo da Humanidade, promovido pela Prefeitura da Cidade do Recife. Neste evento, a composição recebeu o prêmio de Melhor Intérprete, ao ser defendida através da voz da cantora Dalva Torres. Segue abaixo um video com tal apresentação, decorrida no Parque Dona Lindu, na Avenida Boa Viagem, Recife, Pernambuco.
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