Música

Repertório Musical Um Bloco em Poesia

Nesta página você encontra o Repertório do Bloco. Algumas das músicas listadas têm links para Clips no Youtube. Basta clicar nos links para assistir aos Clips das músicas. Abaixo da listagem, você também encontra todas as letras do repertório. Curta, divulgue e compartilhe com os seus amigos à vontade ! 

  1. A Liga dos Blocos (frevo-de-bloco: João Araújo e Luciano Magno)
  2. Alô, Alô Recife (frevo-de-bloco: João Araújo e Dalva Torres)
  3. Alta Tensão (frevo-canção: João Araújo e Luciano Magno)
  4. A Luz dos Blocos (frevo-de-bloco: João Araújo e Luciano Magno)
  5. A Magia dos Eternos Carnavais (frevo-de-bloco: João Araújo e Dalva Torres)
  6. Amantes Camarás (frevo-de-bloco: João Araújo e Luciano Magno)
  7. Bloco dos Artesãos (frevo-de-bloco: João Araújo e Bozó 7 Cordas)
  8. Boi de Carnaval (boi-de-carnaval: João Araújo e Walmir Chagas)
  9. Brasil Caboclo (caboclinho: João Araújo e Luciano Magno)
  10. Brincantes do Cavalo Marinho (frevo-de-bloco: João Araújo e Dalva Torres)
  11. Caboclo D'água (caboclinho: João Araújo e Luciano Magno)
  12. Carta para Romero Amorim (frevo-de-bloco: João Araújo)
  13. Carta sobre uma Estrela (frevo-de-bloco: João Araújo e Bozó 7 Cordas)
  14. Cinzas de Saudade (frevo-de-bloco: João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
  15. Décima do Frevo  (poema: João Araújo)
  16. Estandarte Poesia (frevo-de-bloco: João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
  17. Fantasia de Rei (frevo-de-bloco: João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
  18. Flor da Lira dos Olhos Meus (frevo-de-bloco: João Araújo e Luciano Magno)
  19. Frevando em Pernambuco (frevo-canção: João Araújo, Walmir Chagas e Kayto)
  20. Frevo, Eu Quero Mais (frevo-de-bloco: João Araújo e Luciano Magno)
  21. Fundamentos da Saudade (frevo-de-bloco: João Araújo e Dalva Torres)
  22. Imensos Cordéis (samba-enredo: João Araújo)
  23. Jardim das Passarelas (frevo-de-bloco: João Araújo e Dalva Torres)
  24. Meu Frevo (frevo-de-bloco: João Araújo e Samuel Valente)
  25. Meu Principado (frevo-de-bloco: João Araújo e Luciano Magno)
  26. Monumento Armorial (frevo-de-bloco: João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
  27. Moto Contínuo (frevo-canção: João Araújo e Luciano Magno)
  28. O Astronauta e a Pastora (frevo-de-bloco: João Araújo e Walmir Chagas)
  29. O Bandolim e o Poeta (frevo-de-bloco: João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
  30. Ode ao Recife (frevo-de-bloco: João Araújo e Nuca Sarmento)
  31. Planeta Frevo (frevo-canção: João Araújo)
  32. Portal da Alegria (frevo-de-bloco: João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
  33. Pura Viração (frevo-canção: João Araújo e Luciano Magno)
  34. Raízes do Cinema Nacional (frevo-de-bloco: João Araújo e Dalva Torres)
  35. Recife Amanheceu em Mim (frevo-de-bloco: João Araújo e Luciano Magno)
  36. Reconstruindo as Emoções (frevo-de-bloco: João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
  37. Recordações (frevo-de-bloco: João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
  38. Retalhos de um Bloco (frevo-de-bloco: João Araújo e Nuca Sarmento)
  39. Retratos do Nordeste (frevo-de-bloco: João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
  40. Ruas, Blocos e Canções (frevo-de-bloco: João Araújo e Luciano Magno)
  41. Senhora das Águas (caboclinho: João Araújo e Dalva Torres)
  42. Trinados de Amor (frevo-de-bloco: João Araújo e Bozó 7 Cordas)
  43. Turbina no Tendão (frevo-canção: João Araújo)
  44. Voa Meu Colibri (frevo-de-bloco: João Araújo e Luciano Magno)
  45. Xequerê de Calunga (maracatu: João Araújo e Luciano Magno)


A Liga dos Blocos 
(João Araújo e Luciano Magno)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Um Bloco com a força de um vermelho em flor,
Com a áurea cor de clara evidência amor
E não de um ouro vago esbanjo de esplendor,
Mas sim branco que veste o azul melhor do céu…
Um branco, irmão celeste, feito em doce mel
De luas tão aflitas por poetas vãos,
Vestindo cor-de-praça, esverdeado véu,
Em seu multiplicado estado imensidão…

Um Bloco como um Sol, poder de cantador,
Do negro, a densa idéia, misteriosa flor,
Do peito, a transparência do amigo leal,
De rara realeza, ardendo o Carnaval…
Um Bloco qual neblina, mãos de trovador,
Que espalha um canto exato, solta abraço e voz,
Enfeitiçando o ontem com a cor do amanhã,
Reiventando as puras cores de todos nós…

Vem senhorinha, vem minha paixão,
Vem meu amigo, vem fechar cordões,
Vamos seguindo a amiga evolução
E o amor que Liga os nossos corações



Alô, Alô Recife 
(João Araújo e Dalva Torres)

Alô, Alô, Alô Recife,
Um Bloco fala em poesia pra você
Notícias frescas sobre o brilho dessa gente
Alegremente desfilando pra te vê

Alô, Pastora iluminada,
A madrugada aguarda evoluções
Os corações aguardam tua chegada
Sintonizada na aurora das canções

Quero ouvir a folia:
O Bloco está na Rua,
Hoje O Tema é frevo
E eu devo entrar na sua

Quero sentir a alegria:
Que sempre Deus me deu
Carnaval Dois mil e Sempre
Pernambuco você é Meu !



Alta Tensão 
(João Araújo e Luciano Magno)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

A voz do coro, o coração da cara fé querida,
De cor corada a massa cai de cara pela avenida
E despacha, o bom folião,
Olhando a menina que passa
Passando à limpo o refrão

Desparafusa o meu peito,
Arregaça a tramela e o portão,
Martela a porta com jeito,
Joga a dobradiça no chão

Eu pinto, bordo e me deito,
Vou abaixadinho no salão,
Desaferrolho um trejeito
No leito da alta-tensão



A Luz dos Blocos 
(João Araújo e Luciano Magno)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Neóns,
Banhando o espelho desse rio marron,
De saia longa em vibrações-crepon,
Trocai a vossa fria luz néon
Pelo calor dos nossos corações

Soltai a branca voz das procissões,
Tocai a rubra corda dos violões,
Vesti a manta azul das tradições
E a verde-glória luz da multidão
A gloriosa luz da multidão…
A gloriosa luz da multidão…
A gloriosa luz da multidão…



A Magia dos Eternos Carnavais 
(João Araújo e Dalva Torres)

Um Bloco em Poesia
Me fez viver a magia
Dos eternos carnavais

Herdei a fantasia
De pierrot, Colombina,
Arlequim e outras mais

Fiz chover confetes e serpentinas,
Iluminei de purpurina o salão,
Andei de corso e até dei de buzina
Um adeusinho para alguém na multidão

Dancei marchinhas de piano, fiz gracejo,
Joguei jetons, banho charmoso de florais,
E nessa paz amante, eu tive um desejo:
- Getúlio cante os frevos imortais!



Amantes Camarás 
(João Araújo e Luciano Magno)
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Revejo as marcas que o tempo não levou
Camará-de-chumbo
A Casa Grande, os Engenhos do Sinhô
Camará-vermelho
A Sinhazinha, as Carmelitas, o Areeiro
Camará-de-cheiro
O rio Capiba quando passa é só festejo
Camará primeiro

Eu vejo o mundo quando subo para Aldeia
Camará-de-sonho
E até que às vezes chega e bate uma saudade
Camará-de-espinho
Então eu miro a luz dos meus canaviais
Camará quer mais
E sigo atrás do Bloco dos meus carnavais
Camará tem voz

As Flores de Camaragibe
Têm amantes, camarás-verdadeiros,
Que entoam, que encantam,
Que fazem para nós
O melhor carnaval brasileiro



Bloco dos Artesãos 
(João Araújo e Bozó 7 Cordas)

Fala o Bloco: eu sou artesão
Da pedra eu tiro o leite
Da concha eu tiro o pão

Chama Galego essa turma pra folia
Que hoje é dia
De feira na rua da nossa canção

Bordado, renda,
Fuxico, quem quer?
Crochê, carranca, tem palha e madeira
De vime, uma esteira,
Do barro, uma mulher,
Tem coco seco e até
Blusinhas de filé…



Boi de Carnaval
(João Araújo e Walmir Chagas)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Ói zabumba, meu boi!
Bate! Chifra, meu boi!

Lá vem o meu boi calemba,
Cavalo Marinho, Boi-de-Reis
Boi-bumbá chegando de vez
Pra roubar sorriso e freguês

Seu Malaquias parou
Só na manha, viu o fuzuê...
Eu já num sou de Espanha
Mas também eu num quero perder

Lá vem o seu Conde João
Pra vê o boi que voou
E vem Mateus, Capitão
E Caterina, a moça fulô



Brasil Caboclo 
(João Araújo e Luciano Magno)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Dança caboclo
Trigueiro, festeiro,
Herdeiro primeiro
Das coisas de cá…

Canta caboclo,
Teu canto guerreiro,
Irmão brasileiro,
Me conta o que há:

E há:
Taîasu pra cuidar,
E jerimum pra comer
Marakanã pra voar
E guaraná pra colher
Tem oração pra rezar
E muito amor pra viver

Chega caboclo,
Sorrindo faceiro,
De arco certeiro,
Com flecha e cocar…

Fala caboclo,
Menino altaneiro,
Irmão brasileiro,
Me conta o que há:

E há:
Kururu pra pular
E Kurupira a correr
Tem pitangĩ pra ninar
Pra gûarinî proteger
E tem yby e ybyrá
Pra índio bom defender



Brincantes do Cavalo Marinho 
(João Araújo e Dalva Torres)

Soou o apito agora
Está na hora
De mudar a encenação
Nesse teatro popular em ação
Apita o Mestre, Senhor Capitão...

E chama essa gente querida à brincar
Que a vida é a semente, do povo, a união,
Que a voz é uma lança e o som, um luar,
Meu sangue é uma dança, meu verso, um brasão

Soou o apito agora
Está na hora
De mudar a encenação
De Catirina ou rabeca na mão,
Encanta a menina, Mateus, Bastião,

“Tirando” na sorte, eu faço sorrir
Recebo aplausos na improvisação
De boi ou soldado, eu vou me vestir...
Acerto no alvo com a evolução

Soou o apito agora
Está na hora
De mudar a encenação
Seja no palco ou seja no chão,
O que importa é sorrir com toda paixão

No teatro da vida, meu sonho festeiro,
Brilhando no espelho, de fita coral,
Eu sou um brincante pro ano inteiro
Sou dama ou galante pro meu carnaval



Caboclo D'água 
(João Araújo e Luciano Magno)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Meu ribeirinho, riacho, caboclo d’água
Ao chover todas as mágoas
Do céu, meu Deus dará
Mais coração ao homem tão sozinho
Contamina o ribeirinho
Que sufoca ao respirar

Seguir o exemplo da tribo dos bravios
Que respeita o Mar, o Rio,
O Sol e o Luar
É o melhor cortejo de ajuda
Pra vencer essa caluda
Vontade de chorar

Azuis colares do coração da mata,
Pai venoso cor de prata,
Leito de tanto pra dar,
Luta caboclo no triste desafio
Arco e flecha de um rio
Força aberta de um mar

Homem que é homem devia ter na alma
Um curumim que não se acalma
Enquanto não salvar
A infinita luz multiplicada
Dessa natureza amada
Com riqueza de jorrar

Piaba, olha Tupã,
Aramaçá, kurimã
Garoupa, ytu, piabuçu, kamuri

Pirá-bebé, acará
Piranha, corumbatá,
Meu pyatã, aguenta kamurupy



Carta para Romero Amorim 
(João Araújo)
assista a 2 Clips desta música no Youtube: link1, link2

Lisboa, agosto de dois mil encantos,
Caro Romero, como vai a Aurora?
E a filigrana de lirismo e canto
Que a tua lira desenhou na história?

Quando encontrares nosso rio amado
Diz que a minha fé jamais se entrega,
Que o meu peito é um frevo sincopado,
Que todo cais é um clarim de pedra

Eu gostaria, meu poeta amigo,
Que o meu regresso fosse luz e graça
De imperador eu estaria contigo
A navegar tua redonda barcaça

Quando o percurso do oceano, findo,
Dispararia forte o meu coração,
Avistaria Olinda em flor sorrindo,
Declamaria Recifloração…



Carta sobre uma Estrela 
(João Araújo e Bozó 7 Cordas)

A sua voz Moreno viu nascer
E no Recife ela desabrochou
As sete flores raras de um buquê…
Os sete dons de um Sabiá-cantor…

Luar-maestro, o seu fiel mentor,
A Noite, irmã de toda inspiração,
Pelas serestas faz brotar o ardor
De choros, blocos e superação…

Manta Alva de amores
Cobre os nossos corações
Com tão suaves canções
Que a tua aura conduz

Canta Dalva Torres
És uma estrela entre nós
Tão sublimada e feroz
Voz brasileira de luz…



Cinzas de Saudade 
(João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Eu hoje embarquei num sonho sem igual:
A noite reluzia melodias e emoções,
Os homens-pierrôs, guerreiros da paixão,
Saudavam em canções o reino do amor

E se gerou o carnaval,
Foliões a clamar a ideal liberdade,
Toda cidade tomada
Se fez desvairada e se acalentou...

Mas toda essa fantasia
Findou em nostalgia, em cinzas de saudade...
Era o fim do carnaval
E o Recife cortejava-se a chorar.



Décima do Frevo
(poema de João Araújo)
assista aqui ao Clip no Youtube

( I )
O Frevo é festa, é luz, a voz do povo,
No fogo, ardem pernas, mil sombrinhas,
Passista voa sem perder a linha
E é tão sublime o seu feroz corcovo
Que a gente anseia ele arder de novo…
Nos ares, rasgam corpos, qual cavalos
Que lutam contra a gana de domá-los
E mais parece a vida estar parada
Perante audaz destreza e fé passada
Por tal gingante mostra de regalo…

( II )
No início foi vilão, esse menino,
Seguia a contramão, o capoeira,
Quicés, rabos-de-arraia e peixeiras,
Um farto repertório libertino,
Que da contravenção fez mal ensino…
Depois dessa maléfica etapa,
O tempo arrefeceu a quente chapa,
Em vez de violência, viu-se arte,
O mapa transformou-se em grande parte
E hoje flui a dança sem zurrapa…

( III )
Brotaram girassóis nas avenidas,
Sacis, locomotivas e rojões,
Mil saltos atiçando as sensações,
Porvir da resistência renascida…
Na cor pernambucana esculpida,
O frevo, enfurecida dança rara,
Sentiu arder a chama que o brotara…
Tesouras laminosas, dobradiças,
Ao vê-las, qualquer alma se enfeitiça,
Qualquer atrevimento se escancara…

( IV )
A ordem é incentivar as mentes
Das multidões a se afoitar no passo,
Parece mais um furacão no espaço
Ou rebuliço de um vulcão fervente…
Das profundezas da heróica gente
Coreografias, mandigueiras febres,
Diverso espasmo, ansiosa lebre,
Leis do improviso, bafejar de touros,
Tudo isso ergue um secular tesouro,
Rogo jamais que seu cristal se quebre!

( V )
Grande frevo, um símbolo de luta,
Resistência que o sol forjou nas vidas
Contra elites, a prima investida,
Contra a moda, em riste, a batuta…
Vai vencendo agressões e força bruta,
Levantando um castelo cultural,
Impagável troféu descomunal,
De expressão popular e erudita,
Tradição, modernismo e a bendita
Transcendência voraz do carnaval…

( VI )
O cabo, a haste, a vassoura, o farol,
Viris imagens do frevo-de-rua,
Imenso rol das façanhas mais cruas
Do militar, da espada e do Sol,
Onde é império, opulento paiol…
Frevo-coqueiro, de notas agudas,
Frevo-de-abafo, contendas raçudas,
E o ventania por onde atua
Semicolcheia que o tempo recua
Pelos metais, na estridência desnuda…

( VII )
Das saudades, da flor, lira, violões,
Feminina imagem traz os blocos,
No coral, as pastoras são o foco
Propagando solfejos e emoções…
A seguir seus flabelos e brasões,
Pau-e-corda desenha o bailar,
E do nobre poeta, a recriar
Todas glórias eternas do amor,
O cordão invisível faz furor
E evolui na magia do luar…

( VIII )
Mais um terceiro, o frevo-canção:
Na força herdeira do frevo-de-rua,
Na voz, o cheiro dos blocos da lua,
Traz tão festeiro cantar ao salão…
Vem, a guitarra, ganhar atenção,
Trios elétricos tocam vorazes,
Os seus intérpretes chamam os azes
Para pularem na louca avenida,
Por toda a parte, a geral incontida,
Grita feliz as canções contumazes…

( IX )
Segue herói, nosso frevo pela estrada
Vai no oito-e-oitenta da emoção
Por um lado essa brasa da paixão,
Pelo outro, essa paz da madrugada…
Ó vilão mais sagrado da emboscada!
Militar mais preciso da folia!
Teu lirismo saúda a noite e o dia,
Tua história ensina a ser guerreiro
Grande frevo, devasso e brejeiro,
Nobre voz que do peito traz poesia…

( X )
Seguirás forte, nordestino canto,
Nunca fraqueges, meu melhor amigo,
Pois se morreres, morrerei contigo,
Parte-se a lira e todo o seu encanto…
Quero comigo o ardor do manto,
Essa esperança a desfilar renhida,
A resistência que da alma é lida,
Esse clamor, ó meu fiel lanceiro,
Da fé medida, o relutar certeiro,
Nas ruas, blocos e canções da vida…



Estandarte Poesia 
(João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
assista aqui a 3 Clips desta música no Youtube: link1, link2, link3

Olha como flutua
Esse estandarte louco!
Deixa o desejo solto
E faz arrepiar...

Vem colorindo as ruas,
Prédios tombados, pontes,
Rompendo os horizontes
Do céu azul e do mar...

Vejam que maravilha
Essa folia resplandecer;
Vai ver que a dor existe
Mas não insiste em aparecer...

São poetas, cantores, bandolins, canções
Redesenhando fantasias e emoções...
O frevo vem de um Bloco em Poesia,
Brota na rua e vai pra imensidão,
Vai, explode e o povo sai cantando
Com o coração na mão,
Misturando o futuro
Com aquilo tudo que é tradição...



Fantasia de Rei 
(João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Meu Recife, a razão desses raios de sol,
É o meu carnaval que começa a nascer
E a dor afinal chega ao seu padecer,
O que vale é folia, alegria e paixão...

Rever bailarina, meninas de véu,
Um jovem poeta olhando pro céu
E a melindrosa desejando namorar
Carlitos que só faz dançar

Na Bom Jesus emoção
É me chamarem de rei
E temo o fim da folia...
A fantasia que usei
Não sei se vou poder levar comigo
Mas levo o motivo porque eu chorei



Flor da Lira dos Olhos Meus 
(João Araújo e Luciano Magno)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Olinda abriu seus coqueirais em franja
Luminosa dama que amadureceu
Olinda é coisa muito séria e esbanja
A claridade que Pena já descreveu

Verdejante brisa, Olinda escuta
Um bando alegre que lá nasceu
Numa façanha de serenata convoluta
Vem, Flor da Lira dos olhos meus!

Assim é a Lira e a Flor
Que nem o calor e as paixões
Que nem serenatas de cantador
Ou uma alvorada de muitos sons

Assim dorme Olinda num amor
De arquitetura ainda colonial
Mirando o mundo qual trovador
Que escreve um poema de carnaval



Frevando em Pernambuco 
(João Araújo, Walmir Chagas e Kayto)

Forró é bom pra dançar,
O frevo é bom pra pular
E quem disser que não é
É favor prestar atenção:
Luiz é bom pro baião,
Água é bom de se beber,
Chover é bom pro sertão
E quem disser que não é,
Deve ta muito maluco

Recife ! Oh, Linda Nação
Da Ribeira ao Forte do Brum
Cultura é bom popular
E a nossa gente tem fé
Vai ver por isso
Que eu sou mais um
Nessa multidão ardente, meu bem
Frevando em Pernambuco.



Frevo, Eu Quero Mais 
(João Araújo e Luciano Magno)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Voa comigo, meu bem,
Para ver o arco-íris nascer,
Com uma estrela no peito a brilhar,
Com um Sol a nos resplandecer…

O azul do céu, o chão, cobrirá…
Segura a minha mão, que a paz vai flutuar
Na brancura e na cruz vermelha da fé:
Eu quero mais, quem quer?
Rever o amor jorrar!

Eu Quero Mais chegou
Fazendo evoluções
E Pernambuco, sua bandeira, viu
Brilhar pelas ladeiras
Palcos e salões
Mostrando que o Recife é mais Brasil



Fundamentos da Saudade 
(João Araújo e Dalva Torres)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Lembranças, versos, vidas, cores, melodias,
Um riso branco, a cintilância, a euforia,
Promessas doces carregadas de alegria
Um Bloco puro em raro estado de poesia

Um gesto brando de um lilás verde-esperança
Formosa dama forma a dança pelas ruas
A Lua nua desmantela o esquecimento
O alento a trela de um casal quase flutua

Um olhar singelo feminino
A espera de um encontro repentino
A volta a juventude tão contida
E escondida atrás de cada folião

O eterno renascer desta visão
Sentir o corpo exausto e arrepiado
E o próprio olhar sentir molhado
Tão encantado e cheio de explicação



Imensos Cordéis
(João Araújo)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Recife,
O Capibaribe molhando teus pés,
Traz na correnteza imensos cordéis,
Os guizos da história de teus carnavais...

Nos Blocos:
A linda pastora das evoluções
E o frevo da rua, senhor de ilusões,
Erguendo a poeira que o tempo acalmou...

Recife,
Caboclo de Holanda, Africano Guri,
Tua mãe Portuguesa vem dos pastoris
Cirandas e côcos e maracatus

Nos becos,
Sonoros lampejos de agremiações,
E a troça, carroça de tantas canções,
Traz humanidade em festejos de amor

Vem Carnaval,
Pierrô da manifestação popular,
Meu Carnaval
Alvorada de minh'alma tão secular

Quero brincar
No subúrbio dessa eufórica explosão
Nesse cordão de Arrecifes,
Guardião do mar que insiste
Em clarear meu coração...



Jardim das Passarelas 
(João Araújo e Dalva Torres)

Impressionantes são as flores do Brasil…
Em Pernambuco a flor aporta a temporada…
A flor aflora seu perfume na madrugada
Qual passarada passeando pelo cais…
A flor se faz incrivelmente bela e mágica,
Transfigurada num Bloco não visto jamais…

Bloco das Flores!
O teu aroma se derrama pelas ruas e salões
Espalha luz, se espalha, brilha o teu requinte
Nos anos vinte, foste essência em floração
Agora vinde Ó flor jardim das passarelas
A colorir tantas janelas com emoção



Meu Frevo 
(João Araújo e Samuel Valente)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Meu Frevo ardeu no céu tão de repente,
De um sonho e das levezas do ar,
Rebento de harmonias tão luzentes
De um raio ensolarado com o luar…

Bem vindo na alvorada cintilante,
Na luz de uma estrela que a brilhar,
Num tempo de aventuras tão errantes,
Meu Frevo fez o povo enfeitiçar…

Repara no Frevo da gente, que é quente,
Que o Frevo é do povo
E o povo não pode parar de cantar…

Retoca esse traço da mente da gente
E o confete em saudade
Pranta o ar quando o Frevo passar…

Segura o meu Bloco
Que é Um Bloco em Poesia,
Segura o meu Frevo
Para o povo na cidade cantar…

Deixa a tristeza
E olha a magia do passo…
Recife não tem arredio,
O Recife é o melhor Carnaval do Brasil!



Meu Principado 
(João Araújo e Luciano Magno)

Cresci ouvindo o canto trovador
Do principado dos irmãos Moraes,
Meus ancestrais, que a Lira tanto amou,
Tecendo as suas rendas musicais...

Carrego a Lua, a Noite e o Arrebol
São meus flabelos e a feminina luz
Que eu liberto aqui de dentro é Sol,
Esse cantar, que só o amor produz...

Eu sou Saudade, Aurora contumaz,
Com o Marco Zero do meu coração,
Revejo a minha gente, e é bom demais,
Que chega a gente chora de emoção...

Eu sou a praça que se dá as mãos,
Sou a fusão da força com a paz,
Reinventando um Bloco sem cordão,
Pra além da glória desses carnavais...



Monumento Armorial 
(João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

- Meu Império:
Os meus Sertões...
Guerreiro meu:
O Cantador...

- Meu Cajado:
Os meus Brasões...
A minha Fé:
Meu Grão Senhor...

- Sou Monarca de Taperoá,
Cavaleiro vestindo Gibão...
Vou no Verbo da Pedra do Reino,
Na Cantiga da Povoação
Vou no Verbo da Pedra do Reino,
Na Cantiga da Povoação

No reluzir da Lança e do Escudo,
Eu ergo tudo à Pena, minha Lei,
Num bravo Gavião Real traquino
Desde menino, flutuo como um Rei

Canto fogoso entre o Ouro e o Pó,
Meu Deus é Fogo a Brasa do Sertão...
Reúno então as armas desse jogo
O Fabuloso, o sonho, a encenação

E Ilumino o Verso com minha gravura...
Profetizo a Vida com o meu cantar...
E decifro meu Brasil Medieval
Realizando com bravura
O Monumento Armorial...



Moto Contínuo 
(João Araújo e Luciano Magno)
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No Galo, o reboque
É a onda da multidão…
Quem pára sem estoque
De cerveja ou de vibração
Extrai energia da massa,
Do povo em maré,
Que se cria e recria
No Moto contínuo da fé…

Agora é a vez
Da onda da multidão,
Fevereiro é o mês
Que acode o seu coração
E o Recife, a Cidade
Onde capoeira é lição
Da dança que arde
No sangue, na carne e no chão…

O frevo é brejeiro,
É doce emoção,
É o povo que abraça,
E laça um novo cordão

O frevo é guerreiro!
É flecha, é trovão!
Faísca que atiça,
Na crista da multidão



O Astronauta e a Pastora 
(João Araújo e Walmir Chagas)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Nesse Universo feito de luz e astros
Eu, astronauta, enfrento, louco, o turbilhão
O tempo é curto e encurta o tempo da paixão

Na Via Láctea, o espaço-tempo
Faz dessa vida uma emoção
E une os versos de um novo mundo
Recente civilização

Nesse planeta, de norte a sul,
Há tanta gente por aí
Porém somente numa cidade
A tradição faz existir
Minha pastora que canta lindo
Evoluindo a sensação,
Nessa explosão do infinito,
És o destaque da criação



O Bandolim e o Poeta 
(João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Em meio a um mar de rosas,
Bebendo a vida em poesia e canção,
Clama o poeta sua prosa
E afasta os sinais da razão...
Versos, que são sentimentos,
Brilham na voz bandolim
De um querubim solitário a vagar
Noites em claro sem fim...

E a lua pára pra ouvir
O bandolim e o poeta em ação,
Alvorecendo o porvir,
Equilibrando a ilusão...
A inspiração faz ressurgir
Linda cabrocha paixão,
Pelas lembranças da vida,
Heranças do coração.



Ode ao Recife 
(João Araújo e Nuca Sarmento)
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Eu sou da lua
Sou da madrugada
Minha alvorada
Vem no anoitecer

Sou mamulengo
Dessa serenata
Que no Recife
Nunca vai morrer

Com um arsenal
De poesia e vida
Eu levo a vida
Como deve ser

Serenidade
De pierrot num palco
Animação
De arlequim que vê:

Que no Recife, ainda existe uma horda
De bons boêmios como nunca mais
Rua da Guia, Santo Antonio, Aurora,
De Casa Forte, a noite chega ao Cais

Eu sou amante de Estelita e Glória
Se por acaso o rei maltrata a flor
O Marco Zero do meu peito aflora
Capibaribe irriga com o amor



Planeta Frevo 
(João Araújo)
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Se o mundo todo frevasse seria melhor a nossa rotina…
Brasileirada virada na exportação de muita sombrinha…
A colorida emoção, voando no espaço,
Girando igual furacão, no destino de um passo,
E aportando no chão dos cinco regaços
Da mundial dimensão!

De Nova Yorque à Moscou,
O frevo a contagiar,
Londres, Maputo, Milão,
O frevo vai dominar,
Chile, Polônia, Japão,
Arigatô, vem frevar
E haja gás pra botar!

E tome frevo em Madri,
Berlim também vai gostar
O africano a sorrir
E o tibetano a pular
Do Oiapoque a Pequim
Vamos revolucionar
Com a Terra toda a frevar



Portal da Alegria 
(João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
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Minha pastora sumiu, meu coração entristeceu
E eu fiquei na lembrança de um sonho de amor
Que o carnaval me deixou:

Gente cantando pra espantar a dor,
Gente dançando cheia de esplendor,
Gente vestida de criança,
Gritando a esperança
De um novo amanhã

Vem pessoal!
Carnaval é magia!
Entrando no portal da alegria,
Descendo a ponte eu vejo a folia
Lá no Velho Bairro do Recife
Onde a lua insiste em querer nos brindar...



Pura Viração 
(João Araújo e Luciano Magno)
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Eu sou poeta,
Ela, escorpião,
Eu trabalho a beça
E ela, malhação,
Em dia de chuva
Prefiro me molhar
E ela se desculpa
Em noite de luar
A nossa história
Nunca vai se acabar

Ela apaga vela,
Eu rezo pra santa
Ela canta e é bela
Nunca entrei no tom
Se faz feriado
Ela quer viajar
Já eu acordo tarde
E digo que vou ficar
A nossa história
Nunca vai se acabar

Amor singular, estranha paixão
Um veio de Tróia, o outro da Grécia
Eu sou lá da praia, ela é do sertão
O nosso romance é pura viração

É pura viração,
Pura viração,
Pura viração, pura!
Mais pura viração,
Pura viração,
Pura vira viração!



Raízes do Cinema Nacional 
(João Araújo e Dalva Torres)

Queria ser Oscarito,
Carmem Miranda com seus balangandãs,
Lá na Atlântida um mundo mais bonito
Crescia rico como o brilho das manhãs

Depois, na tela, Grande Otelo,
Macunaíma preguiçoso trapalhão,
Fez da risada o seu castelo
Pra nossa eterna diversão

Vou de Teatro de Revista,
Vedete, Chanchada e Musical,
Quem não tem sonho, então assista
(O nosso Cinema Nacional)
(O filme do nosso Carnaval)



Recife Amanheceu em Mim 
(João Araújo e Luciano Magno)
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Recife amanheceu em mim
Linda, vistosa, um poeta ergueu?...
Recorte que a saudade deu
Em minha memória infante de querubim,

Tão lindamente
A aurora ardeu
Seu buquê de corais,
Seu perfume de mar

E segui pela Rua do Sol
Na textura dos manguezais
Deparei-me com a luz
Da lembrança sem fim…

Mercado da Madalena,
Mercado de São José,
Quanta saudade...
O mercador nas manhãs

Das sonoridades
Do frevo, do choro,
Do samba e baião
Do meu amor...

E quando o Sol
Me vencia
Eu seguia pra casa
De pernas cansadas

Com o peso nos ombros
Daquelas canções
Adormecia e nos sonhos
Eu era um poeta enfim



Reconstruindo as Emoções 
(João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
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Quando a ilusão desponta,
A noite desencanta a tristeza e o penar...
Surge o espetáculo esperança,
O Recife é a frevança dos rios com o mar!
Ruas tecendo amores
E trovadores a anunciar
Cantos de Colombinas
Tão coloridas como o luar...

É...! O carnaval começou!
A alegria tomou o meu peito aprendiz...
Vendo o meu bloco passando
Eu vou remoçando e sou mais feliz,

Ouvindo a cidade abraçar
Melodias que vão
Reconstruindo as emoções...



Recordações 
(João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
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Linda estrela no azul da manhã,
Minha musa maior, meu amor,
Por que foste embora e eu fiquei
Sem saber meu destino?

Foi a dor, foi assim:
Rever momentos que não voltam mais,
Sorrir à toa e a razão levar
As coisas boas que nos deram paz...

Mas eu vou procurar na sombra da recordação
Uma luz que me faça renascer o coração
Sei demais que a saudade dói
Mas também vou lutar no amor
E o amor é a razão maior
Que a tudo refaz e constrói
(Que a tudo constrói)



Retalhos de um Bloco 
(João Araújo e Nuca Sarmento)
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Quando um Bloco se desfaz,
Não tem mais nenhuma razão
Nem alvorada, nem arrebol,
Nem Lua ou dia de chuva ou de Sol
Não há paixão e nem mais discórdia
A nossa história não tem futuro
Não há mais entrudo no chão
Isso tudo volta pra dentro do coração

Se o meu Bloco não sair
Não vou mais sentir emoção
Não sou da terra, nem sideral,
Eu não sou matéria ou espiritual
Eu perco o sonho, perco a labuta
Não acho a luta, nem acho a paz
Vermelho e branco não tem
Pois me falta o pranto e o riso também

Cordas, Retalhos...
Toca no fundo do meu coração,
Chama meu Verso-de-Bloco na mão,
Alegre ou triste a gente fecha esse cordão



Retratos do Nordeste 
(João Araújo e Adalberto Cavalcanti)
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No meu Nordeste eu fiz a minha estrada
Iluminada em tom de esplendor,
Trago no peito o meu bem
E o meu folclore também
Fazendo arte e conduzindo amor...

Sou da poesia, sou, do passo, herdeiro,
Folião guerreiro aboiando o Sol,
Vestindo a esperança,
Eu quero entrar na dança,
Na linda ciranda do meu arrebol

Assim me encanto e canto a noite inteira
Madrugando a beira de um maracatu
Alvorecendo um frevo,
No baião eu devo
Fazer do meu xote, um céu mais azul

Eu vou nas asas de um balão junino
Decantando os hinos do meu coração
Pernambucanamente
O caboclinho da gente
Se amostra contente com a flecha na mão

Vou de sombrinha ou de chapéu de couro
O meu gibão de ouro enfeita esse brasão
Bumba-meu-boi é festa,
O pastoril contesta,
Cavalo marinho é mata e sertão



Ruas, Blocos e Canções 
(João Araújo e Luciano Magno)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube 

Meu Frevo surgiu
Da espada e da flor...
O filho da raça de um povo,
Da gente,
da massa que sempre cantou...
Bebendo do Capibaribe,
Dos becos do velho Recife,
Do poema que o sangue é capaz,
Das pontes e bairros tradicionais...

O Frevo cresceu
Com a força e o calor
Do salto de um capoeira,
Beirando
O infinito que um dia tocou...
Do brilho dos seus arrecifes,
Do sonho que um poeta já disse,
Orquestra, maestro, metais,
Sombrinhas solares, flabelos da paz...

O Frevo expandiu
Pela Terra, o fulgor...
Na esfera azulada, os clarins
Tocaram o que o povo sempre desejou...
Pastora, passista, cordões,
Bem-vindos aos corações...
Solfejo na voz dos corais
Regendo o segredo de mil carnavais

Toca o Frevo...
Toca mais...
Blocos, Canções, Frevos-de-Rua...
Evoluções feito a Lua,
Quando beija o Sol no Mar...



Senhora das Águas 
(João Araújo e Dalva Torres)

Carijós, Canindés, Taperaguases,
Caboclo Tupy, Tapirapés,
Caboclinhos Tabajaras,
É ela a mulher, Senhora das Águas,
É ela a mulher, Ôô ô Iara...

Vem lá do Norte
O negro dos olhos
Cabelos e lábios de mulher
Deusa tão forte
Nas águas escuras
Caboclo se entrega aos seus pés

É guardiã
Dos rios, da mata,
Se enfeita com a flor do mururé
Ela é irmã
Do fogo que arde
No sangue da presa que lhe quer

Sirena chamou
Marujo sumiu
Sereia cantou
Iara levou
O tapuio pro rio

O canto que essa mulher detém
Toda floresta não será capaz
De suportar, de tanta magia,
Aracuã vadia, já não canta mais

Quando ela sai, leva mil reféns
No igarapé, sobressalta a paz,
Céu escurece e o vento esfria
Jassanã se avia, capiuara atrás

Iara é lenda que do povo vem
Mora na fé de todo rapaz
De se perder nessa febre estranha
Da pele castanha que a morena traz



Trinados de Amor 
(João Araújo e Bozó 7 Cordas)

Recife, de glória, aquece…
Um Bloco em Poesia,
Tributos, nas ruas, tece
Em meio ao olhar da Lua…

Recife, de cor, é festa…
Um Bloco em Poesia,
Trinados de amor empresta,
Encantos de luz, situa…

Poderemos ter fraternidade,
O bom da liberdade
E a aurora da emoção

Seremos o que o sonho humanidade
Importa da bondade,
Alegre compaixão



Turbina no Tendão 
(João Araújo)
assista a 2 Clips desta música no Youtube: link1, link2

Vai clarear,
Batam palmas para mim
Sou o Frevo dos Clarins
Da poeira levantar

Eletrizar,
Que o chão tá muito quente
E a energia dessa gente
É incandescente e nunca vai acabar

Esquentará
Feito a força de um vulcão
Que em plena erupção
Jorra passos pelo ar

Encantará,
Numa onda que avança,
Numa febre que não cansa,
A melodia toca noite e dia
É efervescente e nunca mais vai parar

Bota carga, bota mola, bota turbina no tendão
É frevo, é festa, é fogo, é fé no coração
Bota carga, bota mola, bota turbina no tendão
É frevo, é festa, é fogo, é fé no coração



Voa Meu Colibri 
(João Araújo e Luciano Magno)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Voa, meu Colibri…
Do Frevo ao Jazz, quero te ver por aí
Se esbaldando no Primeiro Dia,
Nessa folia alvoroçada e boa, voa…

Voa meu passarim
Cantando versos, produzindo luz!
Que eu faço jus, teu canto em mim ecoa,
Dizendo voa, voa, então voa…

Recorda a Nostalgia de Folião,
Pisando em Brasa, voa meu Azulão!
Encanta a menina,
Ligando as Turbinas,
Mexendo até com a Juba do Leão

Passo Rasgado, a rua é toda tua,
No Galo, vai da crista ao esporão,
Traz pra Luana um pedaço da Lua
Por isso pula e voa, meu irmão!



Xequerê de Calunga 
(João Araújo e Luciano Magno)
assista aqui ao Clip desta música no Youtube

Segunda-feira vai arder
Lá no Pátio do Terço, oração de tambor…
Segunda-feira vai surgir
Do metal no gonguê, som estalado de amor,
Segunda-feira vai tremer
Na virada da caixa, a loa que o mestre puxou
Segunda-feira vai bulir
Cabaceiro-amargoso na mão que calunga jogô

Calunga saculeja esse xequerê
Que a pele da morena assim suará
Num esqueça calunga bom tem que remexer
Sem perder a toada que libertará